24 de agosto de 2013

Onde a Vida Passa Devagar - Kep, Camboja



Kep, uma vila tão pequena quanto seu nome, fica situada na costa sudoeste do Camboja, e era um famoso balneário visitado pelas elites francesa e cambojana até os anos 60. Posteriormente, e durante os anos de atrocidade que o Camboja viveu sob o regime do Khmer Vermelho, muitas de suas casas de veraneio foram saqueadas e abandonadas. Há quase quatro décadas, continuam no mesmo estado de degradação, vazias, dando espaço somente a vegetação que toma conta das salas e quartos, onde um dia seus habitantes tiveram o prazer de acordar com a bela vista para o Golfo da Tailândia. 
A infra-estrutura local está pronta para receber os investimentos de resorts e turistas, mas por enquanto poucos visitantes aparecem por esses lados, comparando com a famosa vizinha, Sihanoukville, um dos principais destinos turísticos para explorar essa parte da costa. 


Eu não fui a Kep para tomar sol nem tampouco me banhar no mar. Muito menos fiz passeio às ilhas vizinhas, sendo a mais famosa a Rabbit Island (Ilha do Coelho). Até comprei a passagem do barco, mas fiquei um pouco doente na noite anterior; meu marido, que insistia para irmos à ilha há dias, disse que ele sabia que, lá no fundinho, eu não tinha a menor vontade de ir -- o que talvez era verdade.
Quando cheguei não tinha a menor idéia de quanto tempo iria ficar, mas me encantei em descobrir que já nos primeiros dias, Kep me desafiava: é um daqueles lugares para serem apreciados e vivenciados no seu ritmo natural, pura tranquilidade. Ou você se rende, desacelera, ou não aguenta ficar nem um par de dias por lá -- eu fiquei 9 dias. 

Tudo é muito calmo – não há muita gente nas ruas, em geral se pode encontrar uma pequena concentração junto aos quiosques de sape à beira-mar na hora do almoço e ao mercado de peixe. A grande atração do mercado é ver as cambojanas no entra-e-sai do mar: verificam se suas armadilhas de caranguejos estão prontas para serem retiradas d'água, atendem as clientes ansiosas que esperam para ver o que foi pego e que se acotovelam para ter prioridade na escolha dos maiores crustáceos, e depois levam os bichinhos restantes direto pros tachos já com a água fervendo, que são consumidos no local. 


No fim de semana a cena muda um pouco: os moradores da região levam suas crianças à praia. Mas imagine que o movimento na única prainha do centro se resuma ao redor de umas 15 pessoas tomando banho de mar, e mais algumas tirando fotos junto a famosa estátua da mulher nua. Até monges budistas com seu voto de castidade não resistem em tirar fotos junto a donzela de branco e os molequinhos não perdem a oportunidade de tocar tocar seus seios com mãos atrevidas...




Mesmo em modo 'relax', Kep ainda oferece muito para você ocupar seus dias:  caminhar nas trilhas do parque nacional; alugar um quiosque com redes em frente ao mar; ir ao mercado de peixe e degustar a especialidade da culinária local (caranguejos ao molho da mundialmente famosa pimenta de Kampot); tomar uma água de côco e ver o pôr do sol único; observar o cotidiano, os locais com seus costumes peculiares entre famílias e amigos; visitar os templos budistas da região e as vilas rurais.
O sorriso de seus mais queridos habitantes está presente, sempre.





Não sei se Kep voltará a todo seu esplendor do passado e se eu desejo isso, mas para mim é um dos pequenos paraísos na Terra onde a vida ainda passa bem devagar. 

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