25 de julho de 2011

Paisagem Urbana - Jacarta, Indonésia

Imagine você, fazendo cocô a céu aberto às margens do Rio Tietê numa sexta-feira, seis da tarde, horário de pico, com aquele fluxo interminável de carros,  rotina conhecida na capital paulista.  Pois é, sexta-feira passada estava eu, no meu ônibus voltando pra casa na lentidão do trânsito em Jakarta, quando vi este homem de meia-idade e chapéu azul, de cócoras se preparado para o ato, à beira de um córrego, numa das avenidas mais movimentadas da cidade!

Não, não creio que seja um caso raro. Se fosse no Brasil talvez iriam dizer “Coitado, o cara tá ruim da cabeça”, mas penso que não devia estar. Há uns meses atrás também vi uma velhinha fazendo o mesmo em Hoi-an, no Vietnam, ao lado da barraca de peixe no mercado local. Só ainda não sei exatamente onde estes dois casos específicos se encaixam – extrema necessidade ou cultura? Parece que na China isto acontece também, e muitas vezes os protagonistas são pessoas muito simples, analfabetas, que não têm noção de bons modos, e para quem este tipo de atitude é natural -- e não os culpo em nada. Pode ser que isto seja comum em outros países asiáticos já que todo o povo do ônibus que estava perto de mim, e também vendo a cena, parece não ter dado a menor importância.

Eu e minha poker-face. Nenhum músculo mexido. Ao ver aquela cena inesperada, a única coisa que fiz após uns segundos foi desviar um pouco o olhar porque não tinha interesse nenhum em contemplar aquela bunda por muito tempo. Nem bonito o cara era. 

Chego a conclusão que minha vida nos últimos quase cinco anos vivendo fora do país me preparou para este tipo de reação, ou melhor não-reação. Cansei de escutar que europeu é frio. A realidade é que ao menos em Londres ninguém se intromete na sua vida e você em geral passa despercebido, e isto tem suas vantagens.  Até uns tempos atrás eu me preocupava muito com o que os “outros” iriam pensar, se minha roupa estava apropriada, e blá blá blá. Os “outros” eram 99% das vezes totalmente desconhecidos. Gente que eu nunca vi antes, não voltaria a ver, e que não pagam minhas contas.

Em Londres já vi gente vestindo pijama em shopping-center, Marilyn Manson mesclado com Lady Gaga no metrô e homem quase pelado na rua. Claro que seria mentira se dissesse que desvio o olhar em todas as ocasiões, como foi desta vez já que, convenhamos, este foi um caso atípico. As vezes eu olho, mesmo que discretamente, sem julgamento. Muitas vezes com admiração desta gente que vive do jeito que quer sem perder tempo. Já não tenho aquela antiga espontaneidade, talvez imaturidade, de cutucar a pessoa do meu lado para fazer qualquer comentário e destilar um veneninho. Estas coisas já não me chocam mais, e sou eu agora que “tô nem aí”. Cada um faz o que bem quiser de sua vida. Para mim não existe verdade absoluta; há dois lados da história.

Aprender a não dar tanta importância pro que os outros vão pensar me ajudou a me sentir mais livre e tomar melhores decisões. E como já dizia minha saudosa professora Carmen, na época, uma das que a maioria dos alunos mais detestava, aquela coitada que virou alvo preferido de brincadeiras maldosas e que até recebeu um vibrador de presente em sala de aula, “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim.”

E quanto ao pobre homem, fica a questão de que o levou a compartilhar aquele momento tão intimo com a multidão de transeuntes, inclusive eu. Mas se ele realmente precisava fazer sua necessidade e não tinha como esperar nem mais um minutinho, ponto pra ele. Fez o que deveria fazer e que se dane o resto.


20 de julho de 2011

Você está morando onde mesmo?

Sempre ouço esta pergunta...  
Ultimamente tem sido difícil definir onde é minha casa, aliás, eu venho me perguntando o que é casa...  Tenho vivido em vários lugares, viajando de lá pra cá, nunca sei bem para onde vou e por quanto tempo, mas eu vou. Afinal, a gente tem que ir, não é?

Viajar é minha paixão e um aprendizado todo santo dia. E eu abraço com muita força esta oportunidade de ter um dia tão diferente do outro. Quero aqui compartilhar minhas histórias e opiniões, viajando e vivendo em outros países, conhecendo outras culturas, me conectando com o mundo.    

Espero que você curta meus textos e deixe suas opiniões já que eu e outros leitores também queremos saber o que você pensa!

Até breve e espero sinceramente te encontrar para um café em qualquer parte do mundo!